JARDIM DAS OLIVEIRAS - Das barracas de lona à escritura na mão


O Jardim das Oliveiras, em Senador Canedo, surgiu no início da década de 90, fruto da pressão do movimento social de luta pela casa própria. Autorizado na administração do então governador Henrique Santillo para assentar famílias que não foram contempladas no Jardim Guanabara II, o loteamento passa agora, 26 anos depois, pelo processo de regularização fundiária empreendido pela Agência Goiana de Habitação com o Casa Legal – Sua Escritura na Mão. As primeiras 594 famílias cadastradas no Casa Legal pela Agehab assinaram as escrituras na noite de sexta-feira, dia 18 de março, data que entra para a história do bairro como um marco na luta pela conquista da segurança da escritura na mão.

“Esta escritura significa minha vida, que eu conquistei com muito trabalho e a ajuda dos meus filhos e marido. É muito bom ver a minha escritura, poder colocar minha assinatura nela”, afirmou a passadeira Maria de Carvalho, que assinou a primeira escritura juntamente com o marido Wenceslau Ramos de Carvalho, representando as 594 famílias. O presidente da Agehab, Luiz Stival, destacou que Goiás é referência nacional em política pública de regularização fundiária, com dois prêmios nacionais conquistados pelo programa Casa Legal. “O governador Marconi Perillo está resgatando uma dívida histórica com milhares de famílias moradoras de antigos assentamentos precários. É um programa que promove a inclusão social e a cidadania, com a segurança patrimonial garantida por uma escritura registrada”, afirmou Stival.

Imagem muito presente na memória das famílias é o processo fundação do bairro, marcado pelas dificuldades da posse da terra e da vida em barracas. Nessas quase três décadas, o Jardim das Oliveiras, que apareceu na paisagem de Senador Canedo, divisa com Goiânia, como um imenso acampamento de lonas pretas, é hoje um bairro estruturado, com asfalto, escolas, posto de saúde e equipamentos de uso coletivo que dão orgulho aos moradores.

“Aqui só falta rede de esgoto e a escritura de nossos imóveis, que depois de hoje está quase na mão. O sonho de quem tem uma casa é ter ela documentada. Fiquei muito feliz quando recebi a carta da Agehab, porque a escritura é uma segurança daquilo que a gente tem”, comemorou o pedreiro Eugênio Feitosa da Silva, 63 anos, há dois anos sem trabalhar por conta de um acidente. Foi atropelado no serviço por uma pá mecânica e está com o braço e o ombro imobilizados. Mora no Jardim das Oliveiras I, desde 1994. Mesmo com dificuldade de locomoção, foi assinar a escritura junto com a mulher, Maria do Amparo Morais da Silva, 62 anos, e a neta de 11 anos, Maria Vitória. Com sete filhos e 18 netos, o casal compareceu ao ato de assinatura das escrituras renovando as esperanças de ter a escritura do imóvel. “Hoje tenho uma casa simples, mas muito boa, com seis cômodos, toda na cerâmica, com banheiro. Criei meus filhos aqui. Quando chegamos era só mato e lixo. Chegamos a tirar aqui até 30 caminhos de lixo por rua. Agora a história é outra. Quando eu segurar a minha escritura, sei que estarei segurando a minha casa”, contou emocionado o pedreiro.

Para a assistente administrativa Rosemeire Queiroz Gonçalves, 45 anos, viúva e moradora do bairro desde 1994, receber a escritura significa colocar ponto final numa vida de muita insegurança. “Passei esse tempo todo esperando pela escritura. Construímos este bairro, pagamos impostos e não temos o documento para provar que a casa é nossa. Estava muito desacreditada. Sem a escritura, a gente é dona e não é. Agora que vim aqui assinar a escritura, já estou sossegada. Sei que tudo está se resolvendo. Meu marido morreu antes de ver esse sonho realizado. Mas graças a Deus esse dia chegou”.

Também para Sueleni Antonele, 56 anos, divorciada e moradora do Jardim das Oliveiras há 26 anos, a história tem sido de muita luta: “Morei mais de um mês na barraca. Fiz uma casa de cinco cômodos. Esta foi a primeira vez que a Agehab bateu na minha porta para falar de escritura. Antes muita gente falava que ia arrumar e nada. Só enrolação. Fiquei até desconfiada quando o pessoal da Agehab falou que veio fazer o meu cadastro para as escrituras. Aí pensei, deve ser verdade. Fiquei alegre demais quando chegou a carta me chamando para assinar a escritura. Fiquei contando os dias”.

A passadeira Geni Ferreira da Silva, 65 anos, separada, quatro filhos e 14 netos, foi assinar a escritura sentindo todo o desconforto e as dores provocadas pela dengue, amparada pela filha Leandra Ferreira Guimarães, que mora com ela no mesmo lote, junto com os quatro filhos. “Morei oito meses debaixo de barraca. Construí dois cômodos e hoje tenho uma casa de dois quartos, sala, cozinha e banheiro, sem rebocar ainda. Criei meus filhos aqui. Meu marido logo me abandonou. Não poderia pagar por esta escritura”, relatou dona Geni, afirmando que precisa muito da escritura. Ela ainda não é aposentada e ganha apenas R$ 600,00 por mês passando roupas. “Quero rebocar a minha casa, trocar o piso que está estragado. Construí em regime de mutirão, com a ajuda de amigos e parentes. Foi uma bênção receber esta carta. Vou realizar o meu sonho”.

Já a cadeirante Erci Aires da Silva, moradora do Jardim das Oliveiras há 26 anos no bairro, sublinha cada frase com um sorriso largo e gestos de alegria. Solteira, dois filhos, ela morou um ano em barraca de lona até conseguir construir a casa trabalhando como doméstica e salgadeira. “Muita luta, tudo muito difícil. Adoeci no final de 2006 e estou há nove anos numa cadeira de rodas, mas faço tudo sozinha, cuido de mim, da casa. Subimos as paredes e entramos pra dentro. Minha casa tem três quartos, sala, cozinha, área de serviço e banheiro. O que eu mais queria era a escritura. Pensava até em fazer um empréstimo para pagar essa escritura. Hoje é só bênçãos de Deus”.




Fonte: Agehab ASCOM

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